Brasil fica em 72� em ranking de educa��o

Altas taxas de repet�ncia e evas�o no ensino fundamental deixam pa�s atr�s do Paraguai no relat�rio divulgado pela Unesco

Documento faz men��es positivas ao Brasil ao citar os programas de transfer�ncia condicionada de renda para os alunos mais pobres

ANT�NIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O relat�rio anual da Unesco "Educa��o Para Todos", divulgado ontem em Nova York, coloca o Brasil na 72� posi��o num �ndice de desenvolvimento com 125 pa�ses que avalia o grau de cumprimento das metas tra�adas na Confer�ncia Mundial de Educa��o, no Senegal, em 2000. O pa�s aparece em bloco intermedi�rio, com �ndice considerado m�dio, uma posi��o atr�s do Paraguai e uma � frente da S�ria.
O que mais prejudica o desempenho do pa�s no �ndice s�o as altas taxas de repet�ncia e evas�o no ensino fundamental, que refletem negativamente no c�lculo da taxa de estudantes que iniciaram o ensino fundamental e conseguem chegar ao menos at� o quinto ano.
Al�m da taxa de sobreviv�ncia escolar at� o quinto ano, o indicador compara tamb�m a escolariza��o no ensino fundamental, a taxa de analfabetismo adulto e a igualdade de g�nero na educa��o.
O indicador varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais pr�ximo de 1, mais perto est� o pa�s de atingir as metas da Unesco. O �ndice total do Brasil (levando em conta todos os quatro indicadores) � de 0,905, considerado m�dio pela Unesco. Os pa�ses com melhor desempenho s�o Reino Unido, Eslov�nia e Finl�ndia, todos com �ndice de 0,994. Das 125 na��es comparadas, 47 apresentaram �ndice alto (acima de 0,950), 49 ficaram com os considerados m�dios e 29 tiveram �ndice baixo (abaixo de 0,850). O pior � Chade, com �ndice de 0,428.
O �ndice de acompanhamento das metas da Unesco � divulgado anualmente desde 2003. O Brasil apareceu pela primeira vez no relat�rio de 2005, divulgado em 2004. Na ocasi�o, o pa�s apareceu com �ndice de 0,899. A posi��o no ranking n�o se alterou: continuou sendo a 72�, com a �nica diferen�a que, naquele ano, foram 127 pa�ses comparados, em vez dos 125 do relat�rio deste ano.

Qualidade
Para o consultor em educa��o Jo�o Batista Ara�jo e Oliveira, o p�ssimo desempenho do pa�s em quest�es de qualidade da educa��o n�o � novidade. "Quando o indicador � de quantidade, o pa�s costuma ir bem. Quando � qualidade, no entanto, o atraso fica evidente", diz.
De fato, essa n�o � a primeira pesquisa internacional a colocar o pa�s em uma p�ssima coloca��o quando se avalia a qualidade. O Brasil � sempre um dos �ltimos colocados, por exemplo, nos exames do Pisa (sigla em ingl�s para Programa Internacional de Avalia��o de Alunos), prova da Organiza��o para a Coopera��o e o Desenvolvimento Econ�mico que compara o desempenho de estudantes entre pa�ses.
O problema da repet�ncia tamb�m j� foi destacado num outro relat�rio da Unesco divulgado neste ano. Esse documento mostrou que o pa�s tinha indicadores nesse quesito piores do que pa�ses extremamente pobres, como Camboja, Haiti ou Ruanda. Quanto maior a repet�ncia, maior a probabilidade de evas�o escolar.
O Brasil � citado no relat�rio divulgado ontem em Nova York como um dos pa�ses com s�rios problemas de repet�ncia, especialmente na primeira s�rie do ensino fundamental. Segundo o Inep, �rg�o do MEC, 29% dos alunos repetiram a primeira s�rie do ensino fundamental em 2003, e � justamente nessa s�rie inicial em que o problema � mais grave.
O relat�rio, por�m, faz men��es positivas ao Brasil ao citar os programas de transfer�ncia de renda para os mais pobres, como o Bolsa Escola (criado no governo FHC) e o Bolsa Fam�lia (amplia��o do Bolsa Escola feita no governo Lula).
O texto do relat�rio cita estudos brasileiros que mostram que esses programas tiveram efeito positivo na escolaridade de crian�as mais pobres e na diminui��o do trabalho infantil.





Publicado em: 27/10/2006
Fonte: Folha de S�o Paulo
Cidade: S�o Paulo - SP - Pa�s: Brasil